Terapia de Vidas Passadas: O que é, Como Surgiu e Pra Que Serve?

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A Terapia de Vidas Passadas, também conhecida como TVP, é ainda cercada de muitos mitos e dúvidas.
Grande parte dessa insegurança vem da falta de informação, afinal, tudo o que é desconhecido gera certo receio e desconfiança, não é mesmo?

Mas, para sanar dúvidas e desvendar mitos, nada melhor que uma boa dose de informação e conhecimento!

Antes de prosseguirmos com os mitos e verdades sobre a Terapia de Vidas Passadas, vamos falar um pouco sobre as bases históricas dessa prática.

COMO SURGIU A TERAPIA DE VIDAS PASSADAS

O principal precursor da TVP foi o doutor em psicologia Morris Netherton.

Em 1967, Netherton desenvolveu um método que chamou de Hipnose Ativa. De acordo com essa abordagem, ao alterar seu estado de consciência, o paciente regressaria a um passado bem distante de sua vida atual, do qual não teria mais lembranças explícitas.

Nas sessões de TVP, o paciente teria acesso a um local de sua mente que foi denominado como memória extra- cerebral.

Netherton, após muitas pesquisas, concluiu que dessa forma, ao alcançar o cerne do problema e a origem dos traumas, o inconsciente liberaria conteúdos psíquicos que estavam bloqueados, através de um fenômeno psíquico que Freud chamava de “catarse”.

Netherton observou que depois da catarse, com a liberação da energia psíquica que estava retida, os pacientes experimentavam um intenso alívio e diminuição nos sintomas dos seus problemas, apresentando até a cura de doenças físicas e psicológicas.

Juntamente com Morris Netherton, nomes como Hans Tendam, Roger Woolger e Edith Fiore também são referência na história da Terapia de Vidas Passadas.

Confira, agora, uma seleção de 9 mitos e verdades importantes sobre a Terapia de Vidas Passadas, e entenda como essa terapia pode melhorar a qualidade de vida das pessoas.

1) A Terapia de Vidas Passadas surgiu a partir de bases científicas sólidas

Verdade. Como vimos acima, A TVP é uma forma de terapia desenvolvida pelo Doutor em Psicologia Morris Netherton, em 1967.

Ela busca, por meio da regressão, encontrar as memórias inconscientes para ajudar as pessoas na solução dos seus problemas psicológicos, patologias e dificuldades.

Estas memórias podem ser, basicamente, de dois tipos: recentes, que são aquelas da vida atual, a partir do nascimento; ou remotas, que remontam à vida uterina ou anteriormente a isso, às vidas passadas.

O acesso a essas memórias acontece a partir de um estado alterado de consciência do paciente, que é atingindo com a prática do relaxamento, concentração e visualização criativa.

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O acesso às memórias de vidas passadas bebe de várias fontes e se embasa em diversas correntes da psicologia.

Dessa forma, a técnica identifica que são as memórias (sejam elas reais ou fantasiosas) que causam algum mal ao indivíduo.

Portanto, essas memórias devem ser acessadas sempre com a intenção de libertar a pessoa do trauma que essa lembrança inconsciente possa causar.

No prêmio Nobel da Paz de 1987, Carl Rogers afirmou que “o principal fator é a aceitação, pois assim que me aceito como sou, eu mudo”.

Como a mente humana trabalha com percepções dos fatos e, não necessariamente, com a realidade, a terapia de vidas passadas permite a libertação do indivíduo.

O hipnoterapeuta não é um julgador, mas um gerador de empatia que ajuda o cliente a se libertar do passado, seja um fato real ou uma criação fantasiosa da mente.

2) A Terapia de Vidas Passadas só é feita a partir da hipnose

Mito. hipnose é só mais uma técnica para a regressão e é usada somente em casos muito específicos.

Em geral, são usadas técnicas indutivas, que permitem ao paciente estar consciente durante todo o processo de regressão.

O principal elemento da regressão é o relaxamento e as sugestões criativas.

Embora a hipnose clínica seja uma técnica muito eficaz para o tratamento de fobias, e muito utilizada em sessões de regressão, muitos hipnoterapeutas utilizam o relaxamento profundo como aliado ao acessar o passado do indivíduo.

3) Para que a TVP dê certo é preciso acreditar em vidas passadas

Mito. Como o próprio nome diz, a Terapia de Vidas Passadas é uma terapia, cujo único intuito é ajudar na cura do paciente, independentemente das convicções religiosas ou doutrinárias.

As questões relativas à credulidade sobre vidas passadas, pouco têm a ver com a capacidade de adentrar no seu passado por meio do subconsciente.

Trata-se da libertação do inconsciente de lembranças passadas, as quais possam causar algum mal ao paciente.

Um hipnoterapeuta preparado é capaz de orientar o cliente independentemente das crenças individuais. O importante é estar focado no benefício que a terapia poderá trazer.

4) É possível não voltar de uma regressão

Mito. A regressão faz com que as memórias antigas sejam despertadas durante o trabalho terapêutico. Contudo, durante todo o processo, as pessoas permanecem conscientes e ativas no controle de suas mente e corpos.

A Terapia de Vidas Passadas não oferece riscos à saúde, principalmente quando realizada por profissionais treinados e qualificados.

Pense a regressão da seguinte forma: não é o indivíduo que vai até o passado, mas o passado que vem até o indivíduo.

Assim, como a consciência continua no estado atual, não há de onde voltar. A pessoa não vai a lugar nenhum, ela simplesmente vai acessar as lembranças do passado que estão em outros setores do cérebro, como o hipocampo e amígdala.

5) A Terapia de Vidas Passadas não pode ser realizada em qualquer pessoa

Verdade. Existem alguns grupos de pessoas que não devem se submeter a essa terapia ou que, ao se submeterem, exigem cuidados especiais.

São eles: grávidas, pessoas com problema de coração, hipertensão, psicóticos, surdos e com algum tipo mais grave de deficiência mental.

Nestes casos, o profissional avaliará a possibilidade ou não Sem de realização do processo, bem como a melhor técnica a ser utilizada.

6) As pessoas sentem dores ao recordar de vidas passadas

Mito. Sentimentos e emoções fortes podem surgir ao recordar algumas memórias passadas, porém, relatos de dores físicas são bastante raros.

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Mesmo quando se revive coisas ruins desse passado, não se revive seus efeitos, somente as sensações emocionais são ativadas.

7) O terapeuta passa um relatório completo sobre as vidas passadas

Mito. O trabalho do terapeuta ou hipnoterapeuta é de um facilitador que tem a capacidade de guiar o cliente pelas lembranças passadas.

O responsável pelas vivências é o paciente que está sendo submetido à regressão de vidas passadas.

É impossível para o terapeuta dar uma descrição detalhada sobre as vidas que foram lembradas, mas é possível orientar o cliente sobre o que fazer com essas lembranças.

A cada sessão é buscada a libertação completa do inconsciente de traumas do passado.

A lembrança é uma forma de o indivíduo entrar em contato com a situação traumática, e essa lembrança ajuda no processo de libertação.

8) A Terapia de Vidas Passadas não está ligada a nenhuma religião

Verdade. Não existe qualquer ligação entre a TVP e religião. Também não é necessário e nem solicitado que o paciente mude suas crenças religiosas para fazer a terapia.

O objeto da Terapia de Vidas Passadas é a cura de cada paciente e, como consequência, a melhora da qualidade de vida. Pessoas de quaisquer religiões, ou mesmo aquelas que nem as tenham, podem ser atendidas e alcançar excelentes resultados com a TVP.

É importante que a pessoa tome uma decisão livre, sempre voltada para a libertação de fatos ou sensações estabelecidas na mente.

Não haverá qualquer julgamento por parte do terapeuta sobre crenças religiosas, embora perguntas dessa natureza possam ser feitas no primeiro contato, conhecido como anamnese.

O objetivo é conhecer o indivíduo e não estabelecer julgamentos sobre religião ou outras crenças.

9) A TPV é eficiente, mas não substitui um tratamento médico

Verdade. A Terapia de Vidas Passadas tem altas taxas de eficiência, principalmente quando realizada por profissionais sérios e qualificados que se baseiam em diagnósticos para conduzir a TVP.

Porém, ela deve sempre ser trabalhada em paralelo com a medicação prescrita pelo profissional de saúde. Ambas as terapias se complementam para restabelecer a saúde do corpo e da alma, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Se a intenção de se submeter a uma sessão de regressão às vidas passadas for uma dor física, é importante continuar com o acompanhamento médico. Lembre-se que a cura é um processo, e as técnicas se complementam.

 

MAIS ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE TVP

Além dos 9 mitos e verdades sobre Terapia de Vidas Passadas, que foram elucidados acima, veja mais algumas considerações sobre essa prática. Os assuntos abordados a seguir, ainda geram dúvidas e polêmicas acerca da TVP.

A Terapia de Vidas Passadas pode desenvolver memórias falsas?

O desenvolvimento de memórias falsas é uma questão delicada, e pode acontecer em sessões de Terapia de Vidas Passadas se não houver ética ou preparo do profissional.

Não se trata exatamente da “implantação” de memórias falsas na mente do paciente, mas da interpretação equivocada dessas lembranças.

Isso não significa que você não deva se submeter a uma terapia de vidas passadas, e sim escolher um profissional ético, qualificado, com boas referências e com um bom preparo teórico e prático.

Existem relatos que afirmam a má conduta profissional em relação ao controle psicológico e manipulação de memórias. O que resultaria na formulação de falsas lembranças.

Não apenas profissionais que trabalham com Terapia de Vidas Passadas foram associados a casos desse tipo, como também terapeutas comportamentais, e de outras abordagens.

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Terapeutas que usam hipnoterapia para encorajar os seus pacientes a recordar a infância (ou as vidas passadas) são especialmente vulneráveis à acusação de sugestão de falsas memórias em seus pacientes.

Desde 1992, a fundação False Memory Syndrome (FMS), da Philadelphia, reuniu mais de 2.500 casos de pais que relataram falsas acusações como resultado de “memórias” recuperadas em terapia.

A FMS afirma ainda que estes casos incluem cerca de centenas de famílias que foram acusadas ou ameaçadas de acusação de abuso infantil.

Então, as terapias de vidas passadas devem ser evitadas? Claro que não!

Mas temos que buscar profissionais especializados e com bom histórico profissional.

Por este, e por outros motivos, assim como em qualquer profissão, é importante pesquisar muito sobre o profissional antes de iniciar um acompanhamento, para evitar qualquer problema que possa gerar consequências por toda a vida.

Já é possível participar de sessões de Terapia de Vidas Passadas online?

A TVP pode ser realizada à distância, online por videoconferência, e é chamada de Terapia Indireta de Regressão de Vidas Passadas.

Entretanto, não é possível realizar regressão às vidas passadas no atendimento online, seja por e-mail ou chat, pois não há conectividade suficiente, entre terapeuta e paciente, para que se possa alcançar o inconsciente humano.

O ideal é que essa experiência seja realizada por um bom profissional, pessoalmente. Só assim é possível acessar os conteúdos internos e alcançar resultados efetivos.

A TVP pode ser realizada em pessoas com Autismo?

Apesar de ser necessário ter especialização para lidar com pessoas autistas, para compreender melhor os resultados alcançados e a evolução do caso, a Terapia de Vidas Passadas também se mostrou bastante eficaz como tratamento auxiliar para pessoas que possuem autismo ou síndrome de Asperger.

Nesses casos, os objetivos do tratamento com TVP são: melhorar o comportamento social; minimizar os sintomas incomuns e desenvolver a comunicação.

Intervenções comportamentais devem ser feitas em conjunto com a Terapia de Vidas Passadas, para obter resultados mais expressivos.

A Dra. Hee Jin Myung, médica psiquiatra e Terapeuta de Vidas Passadas e Psicotranseterapia, relatou um caso exemplificando a importância do tratamento com TVP para pessoas autistas:

Leona, que era isolada ao extremo, tinha muitas dificuldades para se relacionar com as pessoas, não obedecia ninguém e era muito rebelde.

A partir do contato com suas vidas passadas, foi possível identificar que Leona desenvolveu, ao longo de suas vivências, um comportamento repetidamente isolado da sociedade, por vários motivos diferentes.

O autismo mostrou-se ser o resultado de um padrão repetitivo de comportamento. Leona sempre se isolou, em sua incansável busca por liberdade, nunca conseguiu se adequar às regras e convenções da sociedade.

Quando uma pessoa vive em constante isolamento, ela sofre bloqueios no desenvolvimento intelectual, emocional, material e espiritual. Por este motivo, as habilidades sociais são profundamente influenciadas em vidas futuras. É como se o indivíduo estagnasse, não pudesse mais evoluir.

Isso explica o déficit intelectual e o prejuízo nas habilidades sociais, observados no autismo de Leona.

Após o tratamento com TVP, Leona percebeu a importância de viver uma nova vida, diferente das que viveu no passado. Agora ela pode desenvolver novas habilidades comportamentais, de acordo com o que vive no presente.

Este caso que foi ilustrado prova os benefícios da Terapia de Vidas Passadas para as pessoas com autismo e seus familiares.

Em conclusão, é justo afirmar que a Terapia de Vidas Passadas traz muitos benefícios para a vida do paciente.

Muitas vezes, é necessário “curar o mal pela raiz”.  O passado pode ser o principal responsável pelos sofrimentos e dificuldades que enfrentamos no presente.

E nesses casos, é fundamental recordar e reviver o passado para, justamente, fazer com que esses estímulos deixem de atuar negativamente nas nossas vidas.

Em um processo terapêutico, a recordação do passado do paciente é apenas o primeiro momento. Com base nisso, o terapeuta ajuda o paciente a reorganizar sua mente.

Com a reorganização dos pensamentos e a compreensão dos diversos fatores que influenciam a vida presente, é possível atingir resultados positivos, incluindo a cura de transtornos e a melhoria significativa da qualidade de vida.