Regressão Hipnótica: O Guia Passo a Passo Completo – Parte 2

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O método comprovado de 12 passos para dissolver ansiedade, fobias e traumasBem-vindo à segunda parte deste guia avançado de terapia de regressão.

Antes de qualquer coisa, você leu a PRIMEIRA PARTE deste artigo? Ela é necessária pra melhor compreensão dessa Parte 2. Então clique aqui para ler a primeira parte.

REGRESSÃO HIPNÓTICA: O GUIA PASSO A PASSO COMPLETO – PARTE 1

Neste artigo, os 12 passos do método de regressão será descrito passo a passo.

Então, o mesmo método será mostrado em prática novamente, porém de modo conversacional!

NOTAS:

  • No exemplo abaixo, o cliente é muitas vezes referido como o “adulto” e “criança”. Isso é baseado na suposição de que a memória ou trauma emocional que você está tentando dissolver aconteceu na sua infância (então você está regredindo e avançando entre a idade adulta e a infância). É claro que isso pode não ser sempre o caso.
  • Enquanto você faz cada um dos passos, é importante continuamente dar incentivo e coragem ao seu cliente. Diga que ele está indo muito bem, aumentando sua auto-confiança, comente como está lidando bem com aquilo e continuando aumentando a auto-crença dela em todas oportunidades que conseguir!

O método de 12 passos da Hipnose Regressiva

Passo 1: Induzir o transe e regredir

Em uma conversa normal seu cliente te conta sobre o atual problema. Então, você irá decidir se a regressão (ou revivificação) será a melhor forma de terapia para ser usada.

Neste passos você está procurando uma revelação de alguma forte ligação emocional com algum evento de seu passado que precisa ser considerado.

Quando você decidir usar uma regressão:

  • “Vá primeiro” e estabeleça uma intenção bem sucedida para a sessão de hipnose;
  • Seja confiante e crie um forte rapport com o seu cliente para que ele confie em você o suficiente para estar disposto à lidar com seu problema;
  • Deixe-o ciente que você possui as habilidades para ajudá-lo a resolver o seu problema – é muito importante que ele se sinta seguro com você.

Então, comece pedindo um simples ato de cumplicidade, por exemplo, que ele olhe e preste atenção em você.

Quando você conseguir isso, o próximo passo é criar um mecanismo de segurança para lidar com qualquer abreação que puder acontecer.

Em seguida, diga a ele que todo e qualquer som que ele ouvir vai ajudá-lo a ir ainda mais profundo em sua experiência, relaxar ainda mais.

Você quer que ele foque em sua voz e não no som de alguém trabalhando lá fora na rua, atrapalhando assim a experiência do cliente. Isto é sobre concentração.

A sua voz o guiará o tempo todo e você estará sempre com ele. Esta é uma sugestão para que ele não se perca de você.

Você o está fornecendo uma linha de vida, então não importa o quão imerso ele estiver em suas memórias, ele não vai se esquecer de te ouvir.

Você estará ali guiando ele com isto e a sua voz vai acompanhar. Isso o dará uma sensação de segurança e o conhecimento de que ele não estará sozinho neste trajeto.

Diga à ele para sentir a cadeira embaixo dele e ficar ciente que está seguro. Fazendo isto, você está criando uma âncora de segurança.

Se as coisas ficarem muito feias, por exemplo, se ele começar uma abreação, você será capaz de trazê-lo de volta e lembrá-lo de sentir a cadeira embaixo dele, que foi associada com o sentimento de se sentir seguro.

Ele irá se sentir seguro porque você fez a sugestão de que quando ele sentir a cadeira embaixo dele, então ele vai se sentir seguro.

Não precisa ser a cadeira. Poderia ser a respiração dele, um toque no pulso ou até a pressão em seus pés se ele estiver em pé.

Não importa qual é a conexão, desde que exista uma associação de segurança conectada à ela.

Quando seu cliente estiver complacente e preparado, comece com a indução hipnótica de sua preferência.

Por exemplo, você pode utilizar da indução de relaxamento ou guiá-los em uma descida por uma escada, dando as suas sugestões de transe à cada passo.

Aprofunde o transe até que ele esteja relaxado e seguindo as suas sugestões com facilidade.

Diga em voz alta que em algum momento você vai tocar o seu ombro e a emoção do evento do qual foi falado vai vir à tona.

Ela será forte o suficiente para que seja sentida, mas fraca o bastante para não tomá-lo por completo. Então, confirme se o seu cliente está de acordo com isto.

Porém, esta confirmação depende de sua abordagem. Algumas pessoas são mais permissivas, enquanto outras são mais autoritárias.

A abordagem permissiva tem o objetivo de fazer o cliente se sentir bem cuidado, tratando-o de forma paterna ou materna.

Isto o ajuda a construir novamente a sua confiança, dando-lhe escolhas. Dizendo-lhe para voltar à primeira experiência daquela emoção e lhe perguntando: “você está bem com isto?”. Isso dá poder para ele porque fazer uma escolha.

Se ele disser “não”, você pode simplesmente dizer:

”Tudo bem. Você sente que não está preparado para isto ainda?”

“Você precisa de alguma coisa primeiro?”, “Tem alguma coisa que você queira adicionar antes?”

Ele pode fazer escolhas, que naturalmente vão dar poder para ele.

No entanto, a abordagem autoritária poderia dizer algo como:

“Vá agora para a sua primeira memória desta sensação.”

Se o estilo de ser direto e autoritário for usado de forma forçada com alguém pode tirar o poder, mas mesmo assim vai funcionar. E em algumas situações, ele pode ser necessário.  Mas use o seu próprio julgamento para fazer uso da melhor abordagem.

Nos dois casos, o cliente precisa sentir que o terapeuta é mais forte do que o seu problema – assim ele terá fé no terapeuta, mesmo quando não terá mais fé nele mesmo.

Assim, diga à ele que você irá contar de 3 até 1 e ele irá voltar para o primeiro momento em que ele experimentou daquela emoção.

Garanta que assim que ele chegar lá, você vai trazê-lo de volta para que ele esteja sempre seguro. Será intenso por um momento, mas então terá acabado de novo.

Confirme se ele está de acordo com isto. Então, pergunte se ele está pronto para começar.

Passo 2: Oriente completamente

Aqui, você toca o ombro de seu cliente e diz a ele para voltar no momento quando ele teve a experiência pela primeira vez da emoção da qual ele está tentando mudar.

Pode ser que o seu cliente não vá direto ao evento inicial na primeira tentativa. Isso é normal.

Então, continue fazendo ele regredir até o momento em que ele atinja o evento inicial, isto é, o ponto aonde a emoção apareceu pela primeira vez.

Aqui estão alguns exemplos úteis de perguntas que você pode fazer para ajudá-lo a se orientar:

  • Você está dentro ou fora?
  • É dia ou noite?
  • Quantos anos você tem?
  • Você está sozinho ou com outros?
  • O que você vê ou sente?

Fazer estes tipos de perguntas é importante porque…

Lembra-se da síndrome de falsas memórias mencionada na parte 1?

O que você não quer é fazer perguntas que acidentalmente sugerem uma porção da experiência.

Por exemplo, se você perguntar: “Qual a sua idade… por volta de 7 anos?”

Você teria acabado de fazer uma sugestão que poderia estar alterando a memória.

Perguntas neutras, como citadas acima, dão a escolha dele se lembrar de qualquer tipo de situação que possa ter ocorrido.

Então quando você pergunta: “Você está dentro ou fora?”, a resposta precisa ser uma ou a outra; Mas você o está dando a escolha de responder baseado no que ele se lembra, ou pensa que se lembra, em vez de responder com base no que você poderia estar sugerindo.

Por exemplo, se você perguntar: “Você está dentro?”, esta é uma sugestão.

Da mesma forma, se você perguntar: “O seu abusador está presente?”, alguns podem dizer que não, enquanto outros irão colocar o seu abusador na cena porque eles estão agindo conforme as suas sugestões.

Então, mais uma vez, você fez uma sugestão com potencial para alterar a memória.

É muito importante que você nunca faça à seu cliente uma pergunta que dê sugestões sobre o que eles possam encontrar.

Deixe as suas perguntas curtas e reduzidas para que você não implante um símbolo visual na experiência de transe do cliente, forçando-o à criar memórias falsas.

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Mantenha as suas perguntas limpas e trabalhe APENAS com base nas informações que seu cliente te der.

Espere pela resposta de cada pergunta para determinar se ele regrediu ao evento inicial ou não.

Se não ele não regrediu o suficiente, gentilmente toque o seu ombro novamente, repita a contagem de 3-2-1 e peça-o para voltar mais ainda no tempo para a primeira memória em que ele experimentou aquela emoção.

Então, faça as mesmas perguntas de orientação novamente para ajudá-lo a localizar a memória correta.

NOTA IMPORTANTE:

  • Perguntar ao cliente a sua idade quando você o está orientando é útil porque se o seu cliente sofre de um problema particular desde a infância, mas durante a regressão ele regrediu apenas alguns anos, então você saberá que precisa voltar mais no tempo.
  • As pessoas sempre perguntam se é necessário voltar ao evento inicial, aquele que causou o trauma inicialmente. O que é importante lembrar é que estes eventos iniciais são metáforas, e não realidades. Metaforicamente, as pessoas estão presas na ideia de que este evento é que causou o trauma. Se você voltar lá e consertá-lo, elas pensarão: “ah, que ótimo, está consertado agora. Não há necessidade agora para mim de ter as versões posteriores deste evento”. Mas não há mágica no evento inicial. Desde que o cliente acredite que lidou com a causa, então ele terá lidado com a causa.

Passo 3: Faça Dissociação

Quando um cliente chega ao ponto em que está experimentando a emoção pela primeira vez, você precisa trazê-lo de volta para que a emoção não o tome por completo.

Deixe-o sentir a emoção muito brevemente, mas traga-o de volta para ele saber que está completamente seguro – e que ele continuará seguro durante o resto da sessão.

Então conte 1-2-3, diga à ele que ele está de volta na sala, de volta para o seu “eu” adulto, seguro em sua cadeira e simplesmente deixe a cena sumir como se ele estivesse assistindo ela sumindo na distância.

Há dois pontos muito importantes para considerar sobre este passo.

Primeiro, o que é uma dissociação? Bem, o problema com o trauma é que as pessoas sentem as coisas erradas como medo ou raiva. Muita raiva faz com que as pessoas fiquem perdidas em suas emoções perdendo todos os seus recursos. A pessoa fica tão consumida por ela que perde o impulso de controle e age de forma violenta.

Da mesma forma, o medo se torna um problema quando ele toma parte de você e faz com que você mude o seu comportamento. Por exemplo, você sobe 40 andares de escada para evitar pegar o elevador por causa do receio de que o mesmo quebre e você fique preso.

O medo por si só é algo útil que o mantém seguro. Mas quando você está constantemente amedrontado, o seu corpo libera alguns reagentes químicos em excesso como o hormônio cortisol.

Ele começa a se machucar e destruir porque algumas emoções são destrutivas.

O medo e a raiva são reparos de curto prazo quando vale a pena pagar o preço para evitar uma consequência mais séria.

Por exemplo, um pai iria correr para dentro de uma casa em chamas para salvar o seu bebê? Com certeza iria porque perderia muito mais do que alguns químicos em seu corpo se não fosse.

De mesma forma, alguém iria pisar com força em seus freios e puxar o freio de mão para evitar uma batida de carro? Com certeza iria. Poderia acabar com os seus pneus, mas a alternativa seria consideravelmente pior.

O problema ocorre quando estas emoções negativas se tornam crônicas, especialmente quando o evento não bate com a força mental e física da emoção.

Não se engane, o medo e raiva habituais te destroem de dentro à fora. Para evitar que isto aconteça, você precisa de uma proteção deles e da tortura mental que eles geram.

De acordo com vários pesquisadores, a assinatura química de uma emoção dura de 5 até 90 segundos. A versão de 90 segundos é a que tem mais pesquisas, então vamos utilizá-la como referência. O que isto nos diz é que qualquer emoção que dure mais do que 90 segundos precisa ser recriada.

Uma boa analogia para descrever dissociação é a do dispensador de sabão no banheiro.

Toda vez que você aperta o botão um pouco de sabão sai. Mas quando as pessoas estão emocionadas continuam apertando aquele botão.

É como se o seu dedo estivesse preso à ele.

Isso se torna um hábito inconsciente e eles continuam apertando o botão até que a pia esteja cheia e o sabão esteja vazando pelas beiradas, fazendo uma bagunça pelo chão.

Então, uma dissociação é uma maneira de te desconectar do maquinário mental que aperta este botão mental.

Ele coloca uma tampa no dispensador, de modo que apertar o botão não irá mais ativá-lo, então o medo não é mais acionado. E o melhor jeito de você fazer isso é através de simbolismo.

Por exemplo, imagine que você esteja de frente para um tigre.

O quão grande ele pareceria? Muito grande.

Você está em perigo? Sim, você provavelmente está.

Agora, imagine o tigre à 1 quilômetro de distância de você. O quão grande ele parece agora? Você está no mesmo tipo de perigo? Não, você não está.

Então, as idéias de tamanho e distância podem ser utilizadas para nos ensinar de que tudo isto significa segurança. O modo de lidar com abreações, mencionado na parte 1, é basicamente sobre dissociação.

Quando você diz para desaparecer com a cena à distância, ou deixar a cena sumir, isto é capaz de dissociá-la o suficiente para que ela pare de interferir, ajudando o seu cliente a conseguir os recursos para se livrar dela.

E, em segundo lugar, por que fazer a contagem?

Quando você conta 3-2-1 e diz à seu cliente para voltar para a primeira experiência da emoção você está lhe dando um gatilho para algo acontecer. É uma técnica clássica de hipnose.

A vai acontecer, e como resultado, B irá acontecer. Você controla A e depois a mente inconsciente vai controlar B.

É uma associação que você está criando através de sugestão.

O gatilho poderia ser bater palmas, estalar os dedos ou tocar a testa dele. O dispositivo que você usa não é importante.

O que importa é que a lógica e o significado de suas instruções sejam claras para a pessoa.

É por isso que números funcionam bem aqui. 3-2-1 é como “preparar, apontar e já!”

Você usa 3-2-1 para estar na memória e depois 1-2-3 para ficar dissociado da memória. 3-2-1 significa que você está avançando para o presente, e 1-2-3 significa que você regredindo ao passado.

A magia está na sugestão e mais especificamente no modo com que o seu cérebro a interpreta.

Então, não fique preso na técnica porque a magia não está na técnica, mas sim no cérebro da pessoa.

NOTA IMPORTANTE: Para monitorar o estado de seu cliente, preste atenção aos sinais de transe como mudanças na cor da pele, pálpebras trêmulas ou imobilidade. Outros sinais de transe incluem dilatação de pupila, pulso desacelerado, mudanças nos padrões de respiração, um olhar fixo ou brilhante, mudanças no reflexo de piscar, no mecanismo de engolir, fatiga ou fechamento dos olhos, contrações involuntárias musculares, catalepsia de algum membro, mudanças na voz e aumento de respostas passivas.

Passo 4: Ressignificação (reframe)

Este passo é muito importante para suavizar a ansiedade durante a regressão.

Apesar de seu cliente estar apenas experimentando a emoção por um momento muito breve, as chances são de que este momento seja muito intenso e acerte nervos emocionais. Então, é muito importante que você garante novamente de que, não importa o quão intenso foi, ele está completamente seguro agora.

Por exemplo, em um exemplo de fobia de cobra, quando a mulher retornou para a primeira experiência, você poderia ouvir distintivamente o medo na voz dela.

Ela estava quase chorando. O hipnotista perguntou a ela se ela estava dentro ou fora, se ela estava sozinha ou com outros. Então, ele imediatamente à trouxe de volta:

“Isso mesmo, um dois três, adulto na sala, a cena está longe, deixe-a desaparecer na distância. Totalmente, você vê, totalmente desaparecendo – qual a sua idade agora? Qual a sua idade na sala comigo agora?”

”Você tem 42 anos, não é? Isto foi algo forte, não foi. Foi uma correria, você está se acalmando agora, está certo. Cumpri a minha promessa? Foi intenso, não foi? Mas você está bem agora, não está? Você superou isso, não importa o que passou lá atrás, não foi? Você está fazendo um ótimo trabalho, você deveria estar orgulhoso de si mesmo. Porque, acredite ou não, a parte mais difícil já foi, você sabia disso?”

Ele a explicou que a sua versão mais nova pensou naquele tempo que ela não iria sobreviver. Então ele disse: “Mas você e eu sabemos que ela sobreviveu a isto, porque senão nós não estaríamos tendo esta conversa agora, certo?”

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Este é o reframe, dizer ao adulto que eles sabem de algo que a sua versão mais nova não sabe. Dizer a eles que não importa o quão intenso ou aterrorizante a experiência foi, eles superaram, sobreviveram a ela.

Eles sabem que é verdade porque eles estão aqui agora. A sua versão mais nova provavelmente não pensou que ele sobreviveria, mas o adulto sabe que ele passou por isto porque aqui ele está, neste ponto de sua vida.

Este estágio é sobre checar como o adulto está lidando porque para um cliente que teve uma fobia tão intensa, o hipnotista teve que garantir que a pessoa só entrasse um pouco na memória e experimentasse a intensa emoção por um período muito breve, em condições controladas.

Passo 5: Ache dois pontos de segurança

A ideia aqui é que o adulto/criança se lembre de uma experiência e do sentimento de segurança antes e depois do evento traumático inicial.

Existem duas coisas para considerar nesse passo. Primeiro, o evento inicial se refere ao evento que causou o trauma em primeiro lugar.

Você precisa voltar à aquele evento inicial? Não. Você pode usar qualquer memória porque elas são simplesmente representações metafóricas se seu passado. As razões para usar a memória inicial são:

  • É algo sobre crença. Se a pessoa acredita que este evento é onde tudo começou, então ela acreditará que ali é onde termina. Quando aquilo não o incomodar mais, então ele acreditará que aquilo não precisa mais afetá-lo. É a crença que muda e não necessariamente a memória. E quando as crenças mudam, tudo muda.
  • Você poderia trabalhar com a memória mais recente e liberá-la, mas se eles tiverem outras memórias sobre o mesmo sentimento, eles podem acidentalmente recriar o problema pensando nelas. Ao voltar e limpar todas a memórias se cria a sensação de que ele resolveu todos os eventos, em vez de que eles resolveram apenas o último.

Você pode fazer regressão em algo que aconteceu recentemente, mas o que realmente importa é a atitude da pessoa no fim da sessão. Ela sente que o problema foi resolvido?

A segunda coisa para é que não existe um adulto ou criança dentro do cliente, só ele mesmo. Isto é apenas um símbolo que é útil para mudar o modo com que a pessoa se relaciona à memória.

Com o ciclo de segurança à segurança, você precisa identificar um momento de segurança antes e um depois do evento. Houve um momento antes do incidente e depois do mesmo em que o cliente estava seguro.

Consiga esta informação perguntando ao adulto quando ele estava em um momento seguro antes e depois do evento. No exemplo da fobia de cobra, a pessoa se sentiu segura logo antes do incidente acontecer. No entanto, ela só foi se sentir segura novamente horas depois quando estava sentada no colo de seu pai na cozinha.

Aqui vai outro exemplo. Se o seu cliente revela que enquanto criança, uma vez ele se perdeu quando estava brincando com um amigo no parque, então esta é sua âncora. É o momento logo antes em que sua diversão se transformasse em medo e trauma.

E então, depois do evento traumático, se ele estava sendo abraçado pelos pais e se sentindo seguro de novo, então esta é sua outra âncora.

Ajudar o seu cliente a encontrar estes pontos de segurança durante uma regressão é muito importante, pois os ajuda a colocar o evento e suas emoções associadas em contexto, fazendo-o menos traumático.

NOTA IMPORTANTE: Em alguns raros casos, onde o trauma foi significante ou recente, pode ser que o cliente nunca tenha se sentido seguro de novo, então você pode usar a situação de estar na sala com você agora como o momento seguro após o evento traumático.

Passo 6: Explique o ciclo de segurança à segurança ao adulto

Explique que você vai pedir à seu cliente para entrar na cena no ponto onde ele estava seguro antes do evento traumático.

Então, peça a ele para avançar rapidamente pela parte intensa da cena até o momento de segurança depois do evento. É importante dizer a ele que não será nada próximo da intensidade que ele sentiu da primeira vez.

Quando seu cliente estiver pronto, instrua-o a fazer o que você explicou, pedindo à ele para entrar na cena no local de segurança antes do evento, e depois peça para ele se mover rapidamente pelo evento traumático, para o local de segurança depois do evento. Então, conte 1-2-3 e traga-o de volta ao presente, na sala, à salvo com você.

Você está preparando a expectativa do cliente, deixando-o na cena, movendo rapidamente por ela e está feito. Depois ele está seguro de novo e sai da cena.

Para a moça da fobia de cobra, estar no ônibus, e depois estar em casa de novo com seu pai, eram os momentos em que ela se sentiu segura.

Apesar do fato de que ela ainda estava se sentindo aterrorizada após o evento, o pensamento de sentar no colo de seu pai e ficar confortável fez com que ela sorrisse e risse. Tecnicamente ela estava segura muito tempo antes disso, mas ela não se sentia segura.

O ciclo de segurança à segurança é uma forma de ressignificar a memória para dar à ela um significado diferente. É uma questão de contexto simbólico. Mudar o significado de algo muda a experiência inteira.

Por exemplo, se alguém perguntasse se poderia queimar a sua mão, você diria que não. Mas se ele mostrasse que iria queimar a sua mão ou a de seu filho – e você tivesse que decidir qual a mão que se queimaria – você escolheria a sua própria mão porque simbolicamente a situação tem um significado diferente agora.

Outro ponto para considerar é este: Durante este passo com a mulher da fobia de cobra ela ficava amedrontada pela memória da experiência.

Assim que o hipnotista notava a mudança em sua expressão facial e em seu tom de voz, ele imediatamente a trazia de volta, dizendo que ela estava segura na sala, para deixar a cena sumir.

Então, é importante continuamente monitorar o seu cliente e responder à qualquer mudança similar, porque senão você arrisca deixar o trauma ainda pior.

Você pode fazer este ciclo algumas vezes, entrando e saindo mais rápido da experiência. À cada iteração, a emoção se tornará menos e menos intensa porque o seu cliente perceberá que tudo termina de forma completamente segura.

Passo 7: O hipnotista orienta o adulto e o adulto orienta a criança

O próximo passo envolve o hipnotista explicar ao adulto que, enquanto a criança não sabe que sobreviveu à experiência, o adulto sabe. O adulto está aqui seguro com você na sala hoje.

Isto deve ser feito enquanto ele está em transe, e pode ser feito perguntando ao adulto como a sua versão mais nova reagiria se soubesse que ele passaria por uma experiência muito desagradável em breve, mas que ele estaria à salvo de novo depois dela.

Pergunte à ele como isto teria o impactado em sua versão mais nova? Naturalmente, isto teria feito ele se sentir muito melhor.

Então, neste passo, o hipnotista orienta o adulto, então o adulto orienta a criança, e então faz uma outra iteração da experiência. Mas desta vez, a criança sabe que ficará bem novamente após a experiência.

Então, você poderia dizer:

“E se você dissesse à sua versão mais nova que ele estaria seguro novamente após a experiência? Isto não faria uma grande diferença? Então vá e diga à ele deste modo especial que só você sabe, que ajudaria a sua versão criança.”

Depois peça ao adulto para entrar novamente na iteração, para o momento seguro antes do evento, passando pelo evento, até o momento depois do evento quando ele se sentiu seguro, e então de volta ao presente com você.

Por se mover rapidamente pela iteração, de segurança à emoção intensa até a segurança novamente, o evento inteiro começa a se misturar como uma única memória, que apenas aconteceu de possuir uma reação incomum no meio.

Tente passar por esta iteração 3 ou mais vezes, dizendo ao sujeito que a cada vez que ele passa por isso de novo, a emoção se torna menos e menos intensa. Você quer que ele passe pelo evento até que a emoção tenha reduzido significativamente.

Isto pode ser feito muito rapidamente, apenas dizendo:

“Volte para lá, passe pela experiência, e saia da experiência novamente.”

Passo 8: Ressignifique o Adulto

Enquanto ele ainda está em transe, traga o adulto de volta à sala para que a cena desapareça.

Neste momento, você quer deixar o adulto pronto para ajudar a sua versão mais nova, já que eles viveram mais e sobreviveram ao evento traumático, além de terem ganho mais recursos que não possuíam quando criança.

Explique ao adulto que ele irá voltar novamente para a época do evento e falar com a criança, com a versão mais nova dele mesmo, para ajudá-lo a entender o que vai acontecer e que ele estará seguro novamente após o evento.

O evento pode ter acontecido, mas a criança estava a salvo antes, e ficou a salvo depois.

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Passo 9: o Adulto orienta a Criança

Depois da ressignificação, faça o ciclo de novo e deixe com que o adulto ajudar a sua versão mais nova.

A ideia é que o adulto ajude a criança a entender que tudo estava seguro e bem antes do evento, e que tudo estará seguro novamente após o evento.

Isto é porque, não importa quão traumático foi o evento, ele sobreviveu.

Depois coloque o adulto de novo no ciclo, de volta no tempo, regredindo no tempo para entrar no clico rapidamente, do momento de segurança ao segundo momento de segurança, porém tendo o adulto dizendo à criança que está tudo bem.

O evento durou algum tempo, mas acabou agora. A criança estava a salvo antes e depois do evento. Ela sobreviveu.

Isto é terapia cognitiva. A palavra orientar implica em empoderamento e sucesso. Quando o adulto está falando com a sua versão criança, isto é só um simbolismo. Ele está lá apenas para falar com ele mesmo.

Orientando a criança, o adulto está assumindo uma posição de poder, e se você tem poder como adulto, você também tem poder como criança porque ambos estão coexistindo na mesma pessoa.

O adulto está reunindo recursos assim como uma boa mãe ou pai faz para ser um modelo para o filho, o que ajuda a criança. Então, quando a criança vai passar pela experiência novamente, isto se torna uma memória que dá poder. O que costumava traumatizá-lo agora se torna algo que o empodera.

Passo 10: Faça esses ciclos várias vezes e ressignifique cada um deles

Faça o ciclo até que a emoção tenha sido completamente sugada e substituída por paz ou até mesmo alívio.

Você pode fazer isto confirmando com o adulto que:

  • ele se sente seguro;
  • sabe que tudo acabou bem;
  • está fazendo um ótimo trabalho;
  • a emoção está menos e menos intensa à cada vez que ele experimenta de novo;

E como hipnotista, você vai notar uma diferença física significativa como resultado de paz, alívio ou até mesmo do empoderamento que ele sente agora.

 

Neste ponto, você deve ser positivo, incentivando e lembrando o cliente do bom trabalho que ele está fazendo, além dele estar perfeitamente seguro.

Este passo é basicamente sobre repetição. Quando ele aceitar o ciclo de segurança à segurança como uma metáfora para ficar seguro no geral, você apenas continua à fazê-lo, enfatizando a segurança à segurança e desenfatizando o problema.

Repetindo o ciclo você está condicionando a nova resposta, de modo que ele tenha uma experiência de referência forte de não ter mais o problema.

Continue repetindo o ciclo até que não haja mais dúvidas, para depois ele se lembra da nova memória como uma em que o trauma não é mais traumático, mas ao contrário, empoderador.

Voltando ao exemplo da fobia de cobra, após fazer 2 ou 3 ciclos ela começa a rir.

“Você esperava que você pudesse rir daquele evento?” (Não.) “Mas você está aqui. Aqui você está aproveitando o tempo de sua vida. “

Ela está começando a gostar da experiência, e então ela se torna um recurso real. De fato, algum tempo depois, depois da sessão, ela enviou ao hipnotizador uma foto. Era uma foto dela, em uma loja de animais, com uma jibóia enrolada no pescoço e um enorme sorriso no rosto.

Passo 11: Perdão

Este passo envolve fazer o adulto perdoar a todos que ele possa ter culpado no passado pelo evento traumático.

Perdoando ele pode liberar a emoção negativa que esteve latente na sua mente inconsciente por anos.

O adulto pode também falar à criança como está orgulhoso dela, como corajosa ela é.

A criança era pequena quando o evento aconteceu.

Não tinha muitos recursos.

Talvez haviam pessoas naquela época que tinham mais recursos, como irmãos, pais ou outros adultos.

Talvez tenha sido possível que eles tivessem protegido a criança, feito alguma coisa diferente que faria toda a situação menos amedrontadora ou a eliminaria totalmente.

Porém, é hora do adulto perdoar a todos os envolvidos no evento.

O que quer que tenha acontecido pode ter resultado na criança um sentimento de ressentimento ou raiva em direção à outras pessoas – então é importante ouvir o adulto perdoar cada um deles em voz alta. Ou, se ele se sentir mais confortável, ele pode fazer isso apenas mentalmente.

Mas é importante que ele vá à cada pessoa individualmente e diga à ela:

  • como ele se sentiu sobre o que aconteceu;
  • o quão irritado ou assustado ele se sentiu;
  • o que ele pensou que a outra pessoa deveria ter feito, mas não fez;

Depois perdoar à cada pessoa na melhor forma possível.

E por fim, o adulto deve perdoar à criança.

 

O evento não foi culpa da criança porque ela era apenas uma criança na época. O adulto pode ter sofrido como resultado do que aconteceu, mas não foi culpa da criança.

Como no passado ele era apenas uma criança, o adulto precisa aceitar este fato, e perdoar a criança tendo uma conversa aberta e franca sobre o evento.

O papel do perdão não é tecnicamente importante em uma regressão.

A regressão pode ser feita com sucesso só removendo o trauma da memória.

Porém, o propósito do exercício de perdão é evitar que a pessoa crie um novo trauma, se torturando mentalmente após tudo isso, pensando: “eu sou estúpido. Por que tive que sofrer este tempo todo?”. Ele pode se lamentar tanto que pode acabar criando um novo problema.

No exemplo da fobia de cobra, a mulher passou 30 anos aterrorizada por cobras e quase morria cada vez que via uma, mesmo no pensamento.

Ao final da sessão de uma hora de duração, ela de repente não estava mais com medo de cobras.

Muita gente seria tentada a dizer:

“Como eu fui idiota. Por que eu não consegui resolver isso sozinho naquela época?”

Estes pensamentos farão ele se sentir tão mal sobre o evento que podem recriar alguma forma de trauma só por se sentir mal sobre ele de uma forma diferente. Então, o perdão é basicamente uma ressignificação que desenha na areia e diz:

“Você sabe, nós não precisamos mais pensar sobre isso.”

Não é necessário mais retornar ao assunto, reviver o passado.

A mulher com a fobia de cobra tinha um relacionamento conturbado com sua mãe. Então, usando o simbolismo, sua mãe tinha o rosto gravado para que ela não pudesse criticá-la. A mulher achava que sua mãe e seu pai deveriam tê-la ajudado com o evento, mas eles não estavam lá.

Assim, seu sentimento de descontentamento se tornou outro tipo de problema.

Toda esta estratégia de perdão é apenas uma metáfora para mudar o significado. Dizer que o que aconteceu, aconteceu, mas você não precisa mais ficar preso à isto.

“O que eu quero que você faça quando eu digo para perdoar à esta pessoa em termos do evento é o seguinte: não estou pedindo para que você ame esta pessoa, respeite-a ou aceite qualquer coisa que ela tenha causado. Você pode fazer qualquer uma destas coisas se quiser, ou nenhuma delas, certo? Quando eu digo perdão, é uma questão especificamente de cortar estes laços. Você não precisa se apegar a mais nada disso. Você está além disto, faz sentido?”

NOTA IMPORTANTE: quando o adulto está falando com a criança sobre o evento (e a perdoando), é importante que ele sempre fale de forma gentil. Se ele está tendo problemas para fazer isto, é um sinal de que ele precisa passar mais tempo neste passo praticando o perdão para que ele possa deixar isto para trás e seguir em frente.

Passo 12: Reintegração

O passo final no processo é reintegrar a criança e o adulto permitindo que a criança “cresça” com os novos recursos que o adulto ganhou através de sua vida e como resultado do processo de hipnoterapia.

O adulto perdoou a criança e deu à ela um abraço para mostrar que não há mais nenhuma culpa, ressentimento ou sentimentos difíceis sobre o que aconteceu.

Para começar a reintegração peça ao adulto para imaginar se juntando com o corpo da criança e se tornando um só com a criança.

É importante que este processo não seja acelerado, que ele use o tempo que for preciso para que ele sinta este emergir mental de criança e adulto.

O próximo passo envolve guiar o adulto/criança integrado por todos os estágios de sua vida – começando da época em que o evento aconteceu, mas desta vez em sua nova posição cheia de recursos.

 

Quando fizer isso, tenha certeza de nomear os estágios de desenvolvimento pelos quais você o está conduzindo.

E depois, para acabar a reintegração, dê à ele um presente hipnótico no final. Isto depende do tipo de trauma pelo qual o seu cliente passou.

Mas sempre enfatize a segurança e o fato de que eles sobreviveram até agora.

Quando der o presente hipnótico você pode contá-lo para fora do transe, trazendo-o de volta para a sala, se sentindo refrescado, relaxado e cheio de energia.  É importante não apressá-lo, mas deixá-lo voltar ao estado normal devagar e confortavelmente. Isto pode demorar apenas alguns segundos ou alguns minutos, dependendo de como ele se sente e em sua prontidão para retornar.

NOTA IMPORTANTE: como sempre, teste, teste e teste o seu trabalho, quando a pessoa sair do transe! Isto é para confirmar que não há alguma emoção deixada para trás ou algo mais com que você precise lidar durante a sessão.

Tradução e Adaptação de Hypnosis Training Academy.