Ficar em lugares fechados ou espaços reduzidos, pode fazer com que algumas pessoas se sintam ansiosas ou presas. Essa sensação é chamada de claustrofobia e em casos mais graves pode ser incapacitante. Saiba com esse artigo o que é esse transtorno e quais os tratamentos.
“Parecia um dia normal, me dirigi ao escritório como fazia todas as manhãs, tomei o mesmo café, peguei o mesmo ônibus, atravessei a mesma rua… mas tudo mudou quando eu precisei entrar no elevador para subir à minha sala. Diferente do que acontecia usualmente, o elevador estava cheio… parecia que não havia ar suficiente para respirar. Foi quando percebi que o medo havia tomado conta de mim!
Ao ver as portas fechando, senti que eu ficaria preso ali para sempre… meu coração disparava, minhas mãos e pés estavam frios e suados, o mal estar era tanto que eu não conseguia respirar, estava literalmente paralisado… eu só pensava que iria morrer! Mas, para o meu alívio, o elevador parou no meu andar e eu pude descer. Depois de alguns instantes voltei a respirar normalmente. Depois desse dia, nunca mais peguei um elevador novamente”. (Depoimento de um Claustrofóbico).
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O que é Claustrofobia
Claustrofobia é o medo de ficar preso ou confinado em lugares apertados.
A Claustrofobia (do Latin Claustrum, que significa apertado, e do Grego Phobos, que significa medo) é o medo de ficar preso ou enclausurado em um lugar apertado sem a possibilidade de escapar. A claustrofobia é um tipo de fobia situacional, ou seja, suas crises são desencadeadas quando a pessoa é exposta à circunstâncias específicas (lugares apertados), mas que podem ser cotidianas, como adentrar elevadores cheios, túneis, aviões, cômodos sem janelas, estacionamentos subterrâneos ou qualquer espaço fechado e/ou apertado. Alguns procedimentos médicos, como a realização de ressonância magnética, são particularmente mais complicados para pessoas que sofrem dessa fobia.
De forma geral, as fobias podem ser caracterizadas como um medo irracional e debilitante de algo: seja um animal, um sentimento, um lugar, ou até mesmo uma situação específica. Mas as fobias vão muito além do medo comum, que é um sentimento saudável, de defesa e autopreservação manifestado pelo ser humano diante de uma situação de perigo. Por isso, se o medo se torna exagerado e irracional e é desencadeado até em situações em que não existe qualquer perigo envolvido, chamamos esse medo de fobia.
Em comparação com outras fobias
Diferente da maioria das fobias, a claustrofobia é caracterizada como um tipo de Transtorno de Ansiedade. Por isso, o distúrbio é muitas vezes confundido com a Síndrome do Pânico. Os dois problemas apresentam muitas semelhanças, principalmente nos sintomas apresentados no momento da crise. Porém, existe um diferença fundamental, as crises de Síndrome do Pânico podem acontecer em qualquer lugar, e não apenas quando a pessoa é exposta ao objeto da fobia.
A claustrofobia é uma fobia comum, estima-se que cerca 5% à 8% da população mundial sofre com o transtorno em algum nível de intensidade. Apesar de apresentar sintomas graves, poucos chegam a procurar ajuda médica ou psicológica. Isso acontece porque o incômodo de estar em um lugares apertados é tão comum que muitas pessoas simplesmente naturalizam o medo e vivem todos os dias tentando evitá-lo.
Sintomas da Claustrofobia
Elevadores são especialmente problemáticos para pessoas com claustrofobia
As consequências ocasionadas pela Claustrofobia não são apenas psicológicas. O sentimento de medo é acompanhado pelos chamados sintomas autonômicos – sintomas determinados pelo sistema nervoso autônomo. Listamos alguns deles:
- Taquicardia
- Hiperventilação
- Tonteira
- Zumbido nos ouvidos
- Vontade de ir ao banheiro
- Calafrios ou sensação de calor
- Engasgos
- Náusea
- Confusão
- Dor no peito
- Tontura
- Dor de cabeça
- Boca seca
- Pânico
- Desmaios
- Sensação de morte
Como já dito, muitos desses sintomas se assemelham aos sintomas de outros transtornos de Ansiedade, como o da Síndrome do Pânico. A diferença é que, no caso da claustrofobia, os sintomas só aparecem quando a pessoa está exposta à lugares fechados ou apertados.
Causas da Claustrofobia
Não conseguir fazer Ressonância Magnética é um dos problemas que afeta a vida da pessoa com Claustrofobia.
Vários são os motivos que podem originar a claustrofobia, os fatores de risco podem estar associados desde à vivência de um episódio traumático relacionado à lugares fechados; ao aprendizado de que lugares fechados são perigosos; à associação com outros transtornos de ansiedade e até à predisposição genética. Falaremos mais sobre cada um deles nos tópicos abaixo:
Traumas
O trauma causado pela vivência de uma situação de perigo, principalmente na infância, é um dos principais motivos para o desencadeamento de qualquer fobia. No caso da claustrofobia, a situação pode ter sido desencadeada por uma pane em um elevador, ficar presa em um quarto sem conseguir sair, ou até mesmo por algum tipo de acidente que gerou uma sensação de esmagamento ou confinamento. No inicio dessa publicação citamos o depoimento de uma pessoa adulta, que teve sua primeira crise de claustrofobia ao entrar em um elevador lotado.
Aprendizado
Todo mundo aprende muitas coisas naturalmente ao conviver com outras pessoas mais velhas durante a infância, principalmente com os próprios pais, e uma delas é o que deve ser temido. Muitos pais ensinam os seus filhos a terem medo de lugares fechados e apertados, como uma forma de protegê-los. Por exemplo, se a criança se arrasta para debaixo da cama, ou atrás de um móvel, a princípio ela não teme nada. A menos que ela se machuque, não associará a situação ao medo. Por outro lado, se alguém alerta exageradamente que aquela é uma situação perigosa, ela vai se assustar, pensar e terá medo. Assim, a associação do medo está diretamente ligada ao alerta dos pais, e não à uma experiência em si.
Além disso, a convivência com uma pessoa com claustrofobia também pode gerar um aprendizado distorcido sobre a noção de risco envolvida à lugares apertados. Só o fato de observar alguém em uma crise de claustrofobia, já pode ser suficiente para absorver a sensação de perigo. Assim os pais acabam ensinando os filhos à serem claustrofóbicos sem nem perceberem o que estão fazendo.
Genética
Os seres humanos carregam inúmeras características genéticas que motivam reações instintivas. Essas características cumpriram um papel fundamental para a sobrevivência da raça humana e permanecem sendo transmitidas de geração em geração, mesmo que não sejam tão importantes nos dias de hoje.
Por isso sentimos alguns “medos” instintivamente, como de animais peçonhentos de cores vibrantes, lugares altos, escuridão, entre outras coisas. A predisposição genética da claustrofobia é explicada pela periculosidade de estar em um lugar fechado, como uma caverna, por exemplo, esse instinto de auto-preservação, salvou muitas vidas dos homens pré-históricos. Apesar de não fazer mais muito sentido hoje em dia, continua sendo transmitido de geração em geração.
Associação à Ansiedade
De forma geral as pessoas claustrofóbicas têm uma percepção alterada do espaço, sentindo-se presas, sufocadas e impotentes quando estão em lugares fechados. Essa impressão psíquica de que o ambiente encolhe pode ser uma representação física que simboliza um sofrimento psicológico, como cobranças excessivas, negação de sentimento e estresse.
Por isso, pessoas que sofrem com outros transtornos de ansiedade ou depressão têm mais chances de desenvolver a claustrofobia.
Tratamentos da Claustrofobia
A melhor forma de tratar a claustrofobia é através da psicoterapia. Apenas em casos muito graves, um psiquiatra pode receitar também medicamentos ansiolíticos e antidepressivos, para ajudar a diminuir os sintomas da doença e o risco de desenvolver depressão.
As abordagens da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e da Hipnoterapia apresentam ótimos resultados se utilizadas de forma separada, mas são extremamente poderosas se realizadas de forma conjunta. A duração do tratamento varia de pessoa para pessoa e depende de sua adesão e implicação com o processo de forma geral.
Na TCC, o paciente é exposto progressivamente aos objetos que lhe causam medo. Primeiro apenas no campo da imaginação, onde o psicoterapeuta faz a descrição de situações onde a claustrofobia poderia ser desencadeada, como um longo túnel, ou um tubo de ressonância magnética. O segundo passo é a utilização de fotos, vídeos e até de realidade virtual.
Com a percepção de melhora, o profissional passa a determinar pequenos passos de experimentação de situações reais, de forma lenta e progressiva. Até que as situações que geram medo começam a ser superadas e a fazer parte da rotina da pessoa.
Hipnose
Como já dito, A hipnose é uma ótima ferramenta para o tratamento da Claustrofobia, tanto como ferramenta auxiliar à Terapia Cognitivo Comportamental, quanto sozinha, através de suas diferentes abordagens.
Isso acontece, porque através da hipnose é possível acessar o subconsciente do paciente, com isso é possível não só potencializar a implicação do sujeito ao tratamento, como até descobrir a razão do seu medo através da hipnose regressiva. Veja abaixo pelo menos 3 formas diferentes em que a hipnose pode ajudar.
- Relaxamento: A indução ao transe te leva a um relaxamento profundo capaz de aliviar mesmo as crises de ansiedade mais fortes. A auto-hipnose é ensinada ao paciente para que ele possa acessar esse estado a qualquer momento, principalmente quando as crises aparecem de forma mais aguda.
- Sugestões diretas: Além do profundo relaxamento, o transe hipnótico também é um momento de atenção concentrada. A partir da indução hipnótica, as sugestões passam a ser melhores assimiladas pelo subconsciente. Dessa forma, as sugestões hipnóticas se tornam aliadas fundamentais do processo de implicação e enfrentamento do medo.
- Regressão hipnótica: A regressão hipnótica é, sem dúvidas, a melhor forma de superar a claustrofobia (e qualquer outra fobia), pois vai à raiz do problema, analisando diretamente o motivo pelo qual esse problema apareceu na vida da pessoa. Isso acontece, porque os transtornos de ansiedade podem ter início a partir de situações traumáticas, que nem sempre estão ligadas ao próprio objeto do medo (elevadores, aviões ou túneis). Podem ser, por exemplo, emoções de sufocamento, como cobranças excessivas, desrespeito, desvalorização e negação de sentimentos. A Regressão ao trauma ressignifica esses momentos, acabando de uma vez por todas com a claustrofobia.
Bônus: Dicas para lidar com a Claustrofobia
Como já dito, a claustrofobia é um transtorno de ansiedade. Isso quer dizer que todos os passos de enfrentamento serão muito parecidos com os utilizados para combater qualquer transtorno desse tipo. É preciso um esforço cognitivo para ensinar ao próprio cérebro a relativizar o medo, mostrando que não existe situação de perigo. Para fazer isso, siga os passos abaixo e se você já souber a técnica da auto-hipnose, os procedimentos serão ainda mais eficazes!
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- Respire fundo e devagar – Em situações identificadas pelo cérebro como de situações de risco, nosso corpo entende naturalmente e acelera a nossa respiração. Isso acontece porque ele entende que é preciso respirar apenas o suficiente para manter o organismo vivo. Respirando fundo e devagar, você vai desarmar esse gatilho e isso vai te ajudar a ficar mais calmo.
- Tente se lembrar de uma situação engraçada – Quando se está diante de um objeto que causa medo, o corpo tende a ficar tenso e o pensamento concentrado unicamente no objeto do medo. Ao pensar em uma situação engraçada ou prazerosa, e até rir um pouco, seu organismo naturalmente ficará mais relaxado. O riso pode ser uma aliado nessa reprogramação mental.
- Racionalize – A claustrofobia não é o medo de um perigo real. Ela é uma distorção causada pelo cérebro que entende que há um grande risco em permanecer em lugares apertados, causado por uma distorção da noção do espaço, ou pelos diversos outros motivos que foram citados anteriormente. Para combatê-lo, você tem que se convencer de que aquilo não é um problema. Então respire fundo e tente pensar o porquê de estar sentindo medo, quais são os riscos que um elevador, ou um quarto sem janela pode te causar. Ao perceber que não existe risco, fica mais fácil enfrentar o medo.
- Enfrente o Medo – Por fim, para vencer o medo, é preciso que você o enfrente! Mas lembre-se, um passo de cada vez. Tente pegar um elevador para subir apenas um andar. Se a tarefa foi fácil, no dia seguinte suba mais dois, e assim por diante.
Espero que essas dicas tenham te ajudado! Mas lembre-se, enfrentar um transtorno psicológico sozinho é sempre mais difícil do que com uma ajuda profissional, então não hesite em procurar um terapeuta. Além do mais, a Claustrofobia costuma ser apenas um dos sintomas do transtorno de ansiedade, por isso, o acompanhamento de um especialista é essencial.
Você já passou por alguma situação de claustrofobia? Como lidou com a situação? Já testou a hipnose? Conta aí pra gente!