A História da Hipnose: Completa em seus detalhes e curiosidades

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Os fenômenos hipnóticos pertenceram aos deuses, ao diabo, aos astros, ao homem e, finalmente, à Ciência. Entenda os caminhos que a hipnose percorreu para chegar até hoje:
Hoje em dia, a Hipnose é mais utilizada nas áreas da medicina e da psicologia como ferramenta para ajudar em processos de cura do corpo ou da mente. Mas qualquer pessoa que estude e pratique técnicas simples de hipnose rápida conseguirá algum resultado sem tantas dificuldade.  Atualmente, os canais de aprendizado estão muito mais acessíveis.

O fato é que as pessoas estão cada vez mais conseguindo hipnotizar e entender o que é hipnose, e isso prova que não existe nenhuma força ou poder hipnótico especial naqueles que conseguem executar a técnica, como costumávamos acreditar. Nesse texto, você vai entender como se deu a trajetória da hipnose através dos tempos, quem ajudou na sua ascensão e quais as dificuldades que a técnica enfrentou.

O hipnotismo vem de um passado muito, muito distante. Não é incomum a brincadeira de que a primeira relação hipnótica teria ocorrido quando Deus anestesiou Adão, para fazer a cirurgia de retirada da sua costela, certo? Mas, heresias (ou não) à parte, a verdade é que os fenômenos hipnóticos pertenceram aos deuses, ao diabo, aos astros, ao homem e, finalmente, à ciência. Momento em que puderam ser identificados, reproduzidos e, até certo ponto, explicados através da Psicologia e da Neurofisiologia.

A Pré-História da Hipnose

A pesquisa mais recente que temos coloca o marco inicial da história da hipnose na Região da Mesopotâmia a 3500 anos A.C, onde na Caldéia, já existem relatos de curas pela fixação do olhar. Uma outra aparição remota da hipnose é no Egito, onde existiam os templos do sono e foram identificadas utilizações dos estados de transe para anestesia. Nesses templos, as doenças eram tratadas após o paciente ser submetido à hipnose. Teoria comprovada por obras arqueológicas como vasos de cerâmica, onde aparecem figuras de médicos fazendo intervenções cirúrgicas.

Na antiga Grécia, os enfermos também eram postos a dormir e despertavam curados. Lá, a população em geral participava de cultos religiosos onde iam aos templos do sono e, após entrarem em transe, ouviam os sermões dos sacerdotes do respectivo deus desse templo. Após o procedimento, os enfermos retornavam às suas atividades gozando de plena saúde e alegria.

As impressões da utilização de técnicas hipnóticas aparecem nos estudos das vastas documentações históricas sobre a China, Índia e Pérsia, onde também não restam dúvidas sobre o fato daqueles povos manipularem empiricamente técnicas hipnóticas.

Como vimos, a história antiga está cheia de manifestações sobre hipnose, mas todas elas, toda esse fenomenologia, estava sob a regência de supostas leis ocultas, conhecidas somente por privilegiados, geralmente sacerdotes. O que é bastante comum para todas as práticas da época, já que esse período foi muito marcado pelo uso da religião como explicação para todos os fenômenos existentes.

O Mesmerismo: Fluido ou Farsa?

A pesquisa mais recente que temos coloca o marco inicial da história da hipnose na Região da Mesopotâmia a 3500 anos A.C, onde na Caldéia, já existem relatos de curas pela fixação do olhar. Uma outra aparição remota da hipnose é no Egito, onde existiam os templos do sono e foram identificadas utilizações dos estados de transe para anestesia. Nesses templos, as doenças eram tratadas após o paciente ser submetido à hipnose.

Teoria comprovada por obras arqueológicas como vasos de cerâmica, onde aparecem figuras de médicos fazendo intervenções cirúrgicas. Na antiga Grécia, os enfermos também eram postos a dormir e despertavam curados. Lá, a população em geral participava de cultos religiosos onde iam aos templos do sono e, após entrarem em transe, ouviam os sermões dos sacerdotes do respectivo deus desse templo. Após o procedimento, os enfermos retornavam às suas atividades gozando de plena saúde e alegria.

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As impressões da utilização de técnicas hipnóticas aparecem nos estudos das vastas documentações históricas sobre a China, Índia e Pérsia, onde também não restam dúvidas sobre o fato daqueles povos manipularem empiricamente técnicas hipnóticas.

Como vimos, a história antiga está cheia de manifestações sobre hipnose, mas todas elas, toda esse fenomenologia, estava sob a regência de supostas leis ocultas, conhecidas somente por privilegiados, geralmente sacerdotes. O que é bastante comum para todas as práticas da época, já que esse período foi muito marcado pelo uso da religião como explicação para todos os fenômenos existentes.

Os seguidores do Mesmerismo

Esse homem, tão amado e tão odiado, fez escola e teve seguidores. Um novo caminho estava aberto na história: o magnetismo prosseguiu nas mãos de nomes com Puysegur, Petetin, Du Potet, Deleuze, Bertrano, Cloquet e Abade Faria. Este último, desempenhou um papel importantíssimo pelo fato de ser um dos primeiros e voltar a sua atenção para a importância do pensamento e da imaginação do paciente.

Ele foi o precursor da utilização da sugestão verbal, enquanto todos os demais defendiam a hipótese do fluido, negando a intervenção do pensamento. A figura do Abade Faria causou tamanha impressão que Egas Moniz, professor da Universidade de Lisboa, neurocirurgião, prêmio Nobel de Medicina, escreveu um livro sobre ele com finalidade de fazer justiça a um genial investigador ignorado por uns e esquecido por outros.

Um outro personagem importante para a evolução da hipnose foi o grande magnetizador Charles Lafontaine que fazia demonstrações públicas, causando grande impacto e publicou um artigo chamado “Art de Magnétiser”, onde condensava suas teorias, seus princípios e ensinava suas técnicas.

Ele ficou conhecido por esta revista e hoje em dia é considerado o precursor das técnicas de apresentação de palco. Mas se engana quem pensa que a importância dele se deve (só) a esse fato. O seu episódio com James Baid, o defensor da sugestão e por muitos considerado o pai da Hipnose, talvez seja um pouco mais relevante para nós atualmente.

O Nascimento da Hipnose

Karlsplatz Cathedral in Vienna, Austria

Em novembro de 1841, 70 anos depois da apresentação de Mesmer em Viena, o médico-cirurgião James Braid foi a uma sessão de Lafontaine, para desmascará-lo. Contudo, ficou impressionado, porque não havia nada que identificasse a fenomenologia do Mesmerismo como falsa. Concluindo então que haveria a possibilidade de só a teoria ser enganosa. A partir daí, Braid começou a desenvolver sua própria técnica. Assim, em 1842, publicou um trabalho mostrando os erros de Mesmer e iniciando um novo período.

Segundo James Braid, não existia fluido algum e qualquer manobra que cansasse o sistema nervoso (ele usava a fixação do olhar) produziria um estado que traz uma perturbação, pela fixidez de atenção que requeriría muita energia do sistema nervoso associada com o repouso físico. O resto das reações dependeria da impressionabilidade do paciente.

Essa teoria, passava então a defender que os fenômenos do Mesmerismo eram reais; só que a causa deles que não era, de modo algum, magnética ou vinda das estrelas. Para provar isso, fez experiências com diferentes pessoas, onde conseguiu obter os mesmos fenômenos, sem os procedimentos magnéticos habituais.

O Neuro-hipnotismo

Após a apresentação, Braid abole o vocábulo proveniente do magnetismo. E substitui-o por neuro-hipnotismo, passando depois para apenas hipnotismo. Já quase no fim de sua carreira, ele descarta parte do método do cansaço visual e da fascinação, pois descobre que pode hipnotizar cegos ou pessoas em lugares de baixa visibilidade. Situação que deu importância à sugestão verbal.

Logo após essa descoberta, ele também não tardou em descobrir que o sono não era necessário para produzir os fenômenos hipnóticos como a anestesia, a amnésia, a catalepsia e alucinações sensoriais. Mas quando Braid identificou que hipnose não era sono, a palavra hipnotismo já estava disseminada. Certo ou errado, esse é o nome que vigora até os nossos dias.

A gente já falou sobre como se deu o nome hipnose nesse post aqui!

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Depois desse trabalho de James Braid, o assunto se difunde por toda a Europa, tendo os seus pólos na França e Inglaterra. O pai da Hipnose faleceu subitamente no dia 25 de março de 1858 deixando uma profunda modificação no que diz respeito à produção e interpretação dos fenômenos hipnóticos.

Pausa

Durante muitos anos, a hipnose foi esquecida e mal interpretada por não se compreender na época a natureza e dinâmica dos seus fenômenos. Ela foi resgatada na França por duas importantes escolas de pensamento que possuíam visões muito distintas sob o fenômeno da hipnose: a escola de Salpêtrière, liderada por Jean-Martin Charcot e a escola de Nancy, comandada por Auguste A. Liébault e Hippolyte Bernheim.

A escola de Salpêtrière tinha como líder Charcot, o neurologista mais importante e conceituado da época, ele estava estudando os estados hipnóticos para tratamento de pacientes histéricos. Em um trabalho apresentado em 1882, na Academia Francesa de Ciências, Charcot considerou a hipnose como um estado patológico de dissociação, comparando o transe ao processo histérico e a anormalidades no sistema nervoso. A relação entre hipnose e doença obteve grande aceitação no meio científico, vindo a influenciar, segundo este ponto de vista, teóricos como Freud.

Diferentemente da escola de Salpêtriere, a Escola de Nancy de Liébault e Bernheim do século XIX, também estudava a hipnose e seus fenômenos por mais de 100 anos conforme descritos por Braid, pensando na hipnose como um estado de consciência normal e natural do ser humano, tendo um ponto de vista muito distinto de Charcot. Liébault e Bernheim retomaram a idéia original de Braid de que a indução hipnótica decorria da sugestão, realizando inúmeros estudos e experimentações científicas.

Século XX, Psicanálise e Guerras Mundiais

No século XX, surgiria um novo método para analisar a mente humana: a Psicanálise. O seu criador Sigmund Freud, que inicialmente usava a hipnose em suas teorias, abandonou-a nos últimos anos do século XIX para dedicar-se somente à Psicanálise e este acontecimento tem gerado um mal entendido até os dias de hoje.

Muita gente tem a impressão de que, após a Psicanálise, a Hipnose tenha ficado obsoleta, ou seja irrelevante, tendo em vista que o próprio “deus” Freud desistiu dela, mas, na verdade, ele utilizou a hipnose como base apenas para provar que conteúdos podem ser armazenados em um local da mente, o inconsciente, e que este inconsciente pode ser manipulado. Começando a se dedicar a maneiras de tornar conscientes os conteúdos inconscientes que causavam os sintomas.

Nos primeiros anos do novo século, Freud tornou-se o centro das discussões. É que a Psicanálise, rompendo aquele aglomerado de teorias organicistas, surgia como uma nova esperança na solução de problemas atribuídos às doenças cerebrais. O Hipnotismo despertava medo e desconfiança, ao contrário da Psicanálise, onde o cliente só precisaria deitar-se num divã e associar idéias, contar coisas, lembrar de acontecimentos passados e dos sonhos que teve durante a semana.

Ao lado disso, o professor vienense não criara apenas um método psicoterápico, mas algo muito mais amplo, de caráter doutrinário e revolucionário para a época. O método terapêutico era apenas uma faceta da nova doutrina. Hoje, 70 anos após a morte de Freud, uma visão retrospectiva dos diferentes acontecimentos políticos, religiosos, científicos, artísticos e culturais nos mostra claramente a influência às vezes direta, às vezes sutil da Psicanálise.

Guerras Mundiais: O que a necessidade de rapidez no tratamento revela sobre a Hipnose?

Na primeira Guerra Mundial, a hipnose é reativada prestando serviços inestimáveis à Psiquiatria de Guerra pela maior objetividade no tratamento de neuróticos que, necessitando de um resultado mais rápido que os oferecidos pela psicanálise, conduziam seus tratamentos através de sugestões. Esse fato é demonstrado na autobiografia de Freud, quando ele diz que, no exército alemão, a hipnose foi utilizada com êxito satisfatório para a produção de um processo catártico abreviado.

Ligado a essa linha, temos o Locutor de Rádio Dave Elman. Um dos aspectos mais importantes do seu legado foi o método de indução, que originalmente foi construído para realizar a hipnose de um modo rápido e depois adaptada para o uso de profissionais médicos. Os seus discípulos rotineiramente obtinham estados hipnóticos adequados para procedimentos médicos ou cirúrgicos em menos de três minutos. Seu livro e suas gravações deixaram muito mais que somente sua técnica de indução rápida e exploram assuntos que ainda não são conhecidos (ou não são aplicado por muitos), principalmente no Brasil.

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Há novamente um período de retração da hipnose científica, que ressurge na segunda Guerra Mundial. Nos fins da década de 30 e começo da década de 40, as atividades hipnológicas se mostram em pleno vigor. O número de publicações é imenso; o número de conclaves científicos, também. Nas principais partes do mundo, há interesse crescente pelo assunto, e nomes como o de Erickson surgem.

Milton Erickson

Psiquiatra norte-americano, especializado em terapia familiar e hipnose. Fundou a American Society of Clinical Hypnosis e foi um dos hipnoterapeutas mais influentes no pós-guerra. Ele publicou vários livros e artigos científicos na área. Durante a década de 1960, Erickson popularizou um novo tipo de hipnoterapia, conhecida como hipnose ericksoniana, caracterizada principalmente por sugestão indireta, “metáforas” (na realidade, analogias), técnicas de confusão, e duplos vínculos no lugar de uma indução hipnótica clássica.

Hipnose Clássica x Hipnose Ericksoniana

Enquanto a hipnose clássica é direta e autoritária, e muitas vezes encontra resistência do paciente, a forma que Erickson apresentou é permissiva e indireta. Por exemplo, se na hipnose clássica é utilizada a indução “você está entrando agora em um transe hipnótico”, na hipnose ericksoniana, a indução seria utilizada na forma “você pode aprender confortavelmente como entrar em um transe hipnótico”. Desta forma, dá a oportunidade ao paciente de aceitar as sugestões com as quais se sentirá mais confortável, no seu próprio ritmo, e com consciência dos benefícios.

A pessoa a ser hipnotizada sabe que não está sendo coagida, tomando para si a responsabilidade e a participação na sua própria transformação. Como a indução se dá durante uma conversa normal, a hipnose ericksoniana também é chamada de hipnose conversacional.

Erickson insistia que não era possível instruir conscientemente a mente inconsciente, e que sugestões autoritárias seriam muito mais prováveis de obter resistência. A mente inconsciente responderia a aberturas, oportunidades, metáforas, símbolos e contradições. A sugestão hipnótica eficaz, então, seria “artisticamente vaga”, deixando a oportunidade para que o hipnotizado possa preencher as lacunas com seu próprio entendimento inconsciente – mesmo que eles não percebam conscientemente o que está acontecendo.

Um hipnoterapeuta habilidoso constrói essas lacunas nos significados de modo que melhor se adéqua para cada indivíduo – de uma forma que tem a maior probabilidade de produzir o estado de mudança desejado. Por exemplo, a frase autoritária “você vai deixar de fumar” teria uma menor probabilidade de atingir o inconsciente que “você pode se tornar um não-fumante”. A primeira, é um comando direto, para ser obedecido ou ignorado (e observe que ela chama a atenção para o ato de fumar). Já a segunda, é um convite aberto para uma mudança permanente e possível, sem pressão, e que é menos provável de encontrar resistência.

A história da hipnose atual: Nosso tempo também é histórico.

Na década de 50, muitas sociedades de hipnologia foram fundadas na Europa, em diversos países da América e no Japão. Participaram das mesmas somente médicos, dentistas, psicólogos e, em alguns países, pessoas da área de Filosofia. A oficialização da hipnologia dentro das ciências médicas nas Américas, se deu com a criação da Seção de Hipnose Clínica em 1960.

Atualmente,os hipnotistas mais conhecidos do mundo e que mais inspiraram a produção de conteúdo sobre hipnose são: Sean Michael Andrews, Igor Ledochowski, Anthony Jacquin, Derren Brown e James Trip. Dentre os nomes dos maiores divulgadores da hipnose ericksoniana estão: Jeffrey Zeig, Stephen Paul Adler, Roxanna Erickson, o uruguaio Fábio Puentes e os brasileiros Sofia Bauer e Alberto Dell’Isola.

Muito ainda há para dizer sobre como a hipnose evoluiu através dos tempos, mas esse resumo sobre a evolução histórica da Hipnose já fornece uma ideia do lugar incrível que ela ocupa. Mostra bem como se desvencilhou da magia e do ocultismo. Ocupando um lugar de destaque no meio científico, o que deve ser frisado pelos profissionais que trabalham atualmente com o assunto.